Novo coronavírus se propaga pelo mundo (Foto: Shutterstock) |
O Ceará registrou 12 casos de síndrome respiratória aguda grave causados por coronavírus em 2019, de acordo com o último boletim epidemiológico sobre a influenza, divulgado pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). No entanto, os vírus causadores da doença eram diferentes do novo tipo 2019-nCoV, responsável pelo surto na China e com um caso suspeito no Estado, já que apresentavam baixo grau de transmissibilidade e menor repercussão sintomática no paciente.
O presidente da Sociedade Cearense de Infectologia (SCI), Guilherme Henn, explica que, em geral, os coronavírus infectam primeiramente animais mamíferos, répteis ou aves, por exemplo, mas ao sofrerem mutação, podem contagiar também seres humanos. Conforme o especialista, o vírus já circula no País antes mesmo do alerta mundial recente, sendo causadores de infecções esporádicas como as registradas no Ceará. O 2019-nCoV, porém, demanda maior preocupação.
"Em todo canto tem coronavírus, mas como eles circulam há muito tempo, a população já tem uma certa imunidade de base contra eles. O atual vírus tem uma capacidade de transmissibilidade e agressividade maiores, e a população ainda não está preparada", alerta o médico.
Já a médica infectologista da Sesa, Tânia Mara Coelho, reforça que a família do coronavírus tem algumas cepas mutantes. "Esse vírus de agora é uma cepa nova, de uma forma diferente. Ainda estamos aprendendo com ele. Parece muito com a influenza, mas a gente está se atualizando, junto ao Ministério da Saúde, para ter mais informações", diz.
Sobre os casos do ano passado, a especialista ressalta que não devem ter tido gravidade. Conforme o mesmo boletim, nenhum óbito por coronavírus foi registrado no Ceará, em 2019. Já os vírus causadores da influenza vitimaram 44 pessoas. Mais 10 pessoas morreram em decorrência de "outros vírus respiratórios".
Segundo o Ministério da Saúde, infecções por coronavírus causam doenças respiratórias de leves a moderadas, semelhantes a resfriados comuns. Outros podem resultar em doenças graves, como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), identificada em 2002, e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers), em 2012. Ainda não há medicação específica ou vacina para o 2019-nCoV.
Acompanhamento
Até o momento, o Ceará investiga um caso suspeito do novo vírus: o de um engenheiro mecânico de 27 anos, morador de Sobral, que esteve a trabalho na China e retornou ao Brasil há 13 dias, já com os sintomas. Ele foi isolado no Hospital Regional Norte (HRN), da rede estadual. O Ceará é o único Estado do Nordeste a ter um caso do coronavírus em análise. Há outras oito suspeitas em mais seis estados.
Segundo Tânia, além dos cuidados com o paciente, todas as pessoas que tiveram contato com ele, nos últimos dias, foram orientadas a manter medidas de prevenção, como evitar aglomerações, higienizar as mãos com álcool e utilizar solução nasal. Mas, garante que nenhuma teve os sintomas documentados, que incluem febre, dores de cabeça e no corpo e tosse seca.
"As medidas para prevenção e conduta são as mesmas da influenza, com que já temos experiência. Estamos conversando com todas as unidades de saúde, trocando informações, e vamos trazer gente do interior para fazer treinamento em Fortaleza", afirma a infectologista.
Além disso, há pelo menos 15 dias, os portos e aeroportos do Estado já são monitorados pela Sesa quanto à possível entrada da enfermidade, em parceria com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). As atenções se voltam principalmente para Fortaleza e São Gonçalo do Amarante, onde existe maior fluxo de pessoas oriundas da China e de outros países asiáticos.
A Secretaria da Saúde do Estado registrou casos de coronavírus no Ceará diferentes do que se espalhou pela China e por outros países. O Ceará mantém investigação de um caso suspeito do novo tipo de coronavírus
Diário do Nordeste