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De acordo com o órgão, uma equipe do Núcleo de Perícia de Engenharia Legal e Meio Ambiente, pertencente à Coordenadoria de Perícia Criminal (Copec), fez testes no laboratório de informática onde o jovem sofreu a descarga, bem como realizou perícia nos aparelhos eletrônicos que a vítima utilizou. Iago estava assistindo à aula, quando colocou o celular para carregar no computador. Quando foi atender a uma chamada, levou uma descarga elétrica. Apesar de ter sido encaminhado ao hospital da cidade, não resistiu ao choque e morreu.
Os peritos concluíram que "o local onde ocorreu o sinistro (laboratório de informática) apresentava a instalação elétrica com alguns componentes em desacordo com o que recomenda a norma NBR 5410/04 e não possuía DR" - um tipo de interruptor automático, obrigatório por lei, que desliga o circuito elétrico em caso de sobrecarga ou fuga de corrente na instalação. A referida norma determina as condições adequadas para instalações elétricas de baixa tensão, principalmente em prédios.
Ainda segundo o laudo, foi observada falha de isolamento em alguns pontos da estrutura externa do celular da vítima, "que continha avarias (danos), o que proporcionava a continuidade de corrente elétrica entre a referida estrutura e a referência da porta USB". Apesar disso, o perito da Pefoce Fernando Viana Queiroz assegurou que o cabo USB não foi o responsável pela morte do jovem, já que ele fornece 5 Volts em média - o que não é suficiente para causar nenhum dano à pessoa.
Iago sofreu duas descargas elétricas. A segunda foi de maior intensidade e durou aproximadamente 18 segundos. "O fechamento do circuito através do seu corpo se deu por meio do celular que se encontrava na mão esquerda e a estrutura da bancada metálica onde a vítima estava em contato através do membro inferior esquerdo", relata o laudo.
Dessa forma, o corpo do garoto, que estava com os pés apoiados na mesa de metal onde o computador estava, virou uma corrente de eletricidade. "A descarga elétrica ficou circulando pelo corpo do garoto por 18 segundos, até alguém interver e cortar a fonte de energia", explicou Queiroz.
Ainda segundo ele, a faixa de corrente elétrica que passou pelo corpo do garoto estava entre 50 e 110 mA. "Se a descarga tivesse durado 10 segundos, ele tinha 50% de chances de sobreviver", ressaltou o perito. As irregularidades no colégio iam desde a instalação elétrica à mesa utilizada para apoiar o computador, sendo totalmente de metal, sem nenhum isolamento elétrico .
Homicídio culposo
O diretor do Departamento de Polícia do Interior Norte, Marcos Aurélio Elias de França, disse que a morte de Iago Mendes é caracterizada como um homicídio culposo - quando a morte ocorre em razões de neglicência, imprudência ou imperícia - já que as irregularidades no circuito elétrico do Colégio Santa Maria foram determinantes para o ocorrido.
"A escola é responsável pelo mal serviço da empresa que instalou a parte elétrica no laboratório, logo ela e outras pessoas podem ser responsabilizadas ao final do inquérito", ressaltou. Ele acrescentou que pode pedir a interdição do colégio.
Informações do Diário do Nordeste