Doença leva à ruptura de intestino devido a excesso de fezes



Britânico de 24 anos teve que se submeter a cirurgia depois que seu intestino chegou a 18 cm de diâmetro e explodiu; caso é objeto de pesquisa

Um britânico de 24 anos passou por uma cirurgia de emergência após seu intestino explodir devido ao excesso de fezes. Ele chegou ao Hospital Universitário de Newham, em Londres, já inconsciente e com dor abdominal debilitante, de acordo com relato médico no periódico científico BMJ Case Reports.
O diâmetro do sigmoide, região em forma de “s” do intestino próxima ao reto que tem cerca de 5 cm, chegou a 18 cm neste paciente.
Perfurações intestinais podem ser fatais por causa do risco de sepse, infecção generalizada, neste caso, ocasionada por bactérias do intestino. Mas o homem sobreviveu.
O paciente, que apresenta transtorno do espectro de autismo, foi diagnosticado com megacólon crônico, também chamado de Doença de Hirschsprung (DH), uma condição rara que afeta a parte motora do trato intestinal levando a constipações severas.
A doença ocorre durante o desenvolvimento do intestino no período embrionário e pode estar associada a outras anomalias congênitas. A falha de migração de células precursoras de gânglios do cólon resulta em segmentos aganglionares do intestino levando a uma obstrução funcional.
Estima-se que uma em cada 5 mil pessoas tenha a doença, sendo mais comum em homens. Estudos identificaram mutações em 10 genes que colaboram para o surgimento da DH. As mais comuns são as mutações no gene RET, gene EDNRB e gene END3.
O tratamento é realizado por meio de cirurgia do segmento anormal do intestino, seguido de religação da parte saudável ao ânus. Geralmente a cirurgia é feita em duas fases, sendo a a primeira a separação do cólon saudável do afetado, com o uso de colostomia, bolsa externa para depósito das fezes, e a segunda, a remoção do cólon afetado, com retirada da bolsa e conexão do cólon saudável com o ânus.
O paciente apresentava histórico de constipação e havia ido ao pronto-socorro dois dias antes do incidente. Na ocasião, seu estômago estava inchado e seu intestino, repleto de fezes.
Os médicos prescreveram laxantes e o orientaram a fazer enemas, introdução de medicamento via retal. Ele recusou os enemas e manteve o laxante oral, mas, dias depois, os sintomas pioraram e ele voltou ao hospital já com a perfuração. 
De acordo com o relato, a explosão do intestino poderia ter sido evitada se a doença tivesse sido diagnosticada anteriormente. Uma avaliação teria impedido a perfuração e uma cirurgia eletiva poderia ter sido planejada, segundo os médicos.


R7