Representantes da Polícia Federal e da Receita Federal esclareceram a primeira fase da operação 'For All' ( Foto: Natinho Rodrigues ) |
As bandas de forró que estão sendo investigadas na Operação "For All" não declaravam os cachês dos shows por inteiro no Imposto de Renda, segundo a Receita Federal e a Polícia Federal, que concederam coletiva de imprensa na manhã desta terça-feira (18), na sede da PF em Fortaleza.
De acordo com os órgãos, apenas 20% a 50% dos cachês eram declarados, por se tratar da parcela que era depositada na conta das empresas. A outra parte, que pode chegar a 80% do valor real, era paga em dinheiro em espécie às bandas, antes delas subirem ao palco.
A sonegação fiscal foi descoberta a partir da diferença entre o valor declarado pelas bandas e o cachê pago em shows que tinham prefeituras municipais como contratantes, já que estas discriminavam o valor real em documentos oficiais. Informações sobre o cachê das bandas fornecidas pela imprensa também colaboraram para a investigação.
"O que causou estranheza é o que é divulgado e o que efetivamente vai para o papel, para a declaração. Quando você cruza a quantidade de shows que é realizada por ano com o valor que eles cobram por cachê, a gente vê que é totalmente díspare do que eles informam oficialmente à Receita Federal. É uma diferença enorme", afirmou a delegada da Polícia Federal que conduziu a operação por dois anos, Doralucia Oliveira de Souza.
LEIA TAMBÉM
. Xand, Solange e empresários da A3 são conduzidos pela PF
. Polícia Federal deflagra operação com 76 mandados cumpridos por 260 agentes
. Internautas repercutem operação que mira Aviões do Forró
. Aviões do Forró emite comunicado sobre operação da PF que investiga fraudes
Maioria do lucro estava em 'mundo clandestino', segundo a Receita Federal
Além dos cachês dos shows, outros valores também eram omitidos pelas bandas de forró e pela empresa que controla esses grupos. A reportagem apurou que a A3 Entretenimento é a empresa investigada nessa primeira fase da operação e que Aviões do Forró e Solteirões do Forró são duas das quatro bandas envolvidas no esquema fraudulento.
"Existem dois caminhos. Um mundo oficial e um mundo clandestino, subterrâneo. A parte formal dessas empresas representa em torno de 20% do que efetivamente circulava de dinheiro. A grande parte dos recursos circulava em espécie, e isso demonstra claramente a tentativa de se evadir da tributação, o que apresenta indícios de lavagem de dinheiro", reforçou o Auditor Fiscal e Superintendente da Receita Federal no Ceará, Piauí e Maranhão, João Batista Barros.
Segundo Doralucia Souza, a operação "For All" continuará e irá abranger outras empresas e outras bandas no Ceará.
0 Comentários