O pontífice respondeu, sem conhecimento prévio, a perguntas de jornalistas que o acompanharam na volta a Roma após a Jornada da Juventude FOTO: REUTERS |
"Se uma pessoa é gay e procura Deus e tem boa vontade, quem sou eu pra julgá-la", declarou. "O catecismo da Igreja explica isso muito bem. Diz que eles não devem ser discriminados por causa disso, mas devem ser integrados na sociedade".
Se a posição pastoral sobre os gays pode representar mudança, Francisco deixa claro que não haverá nova opinião do Vaticano sobre a ordenação de mulheres, aborto ou casamento gay. O que deve mudar é a forma de tratar as pessoas e seus dramas.
Ao responder sobre a admissão dos divorciados na comunhão, ele fez o anúncio de que em breve revisará a anulação de matrimônios. E isso deve ser objeto do próximo sínodo dos bispos. Ele concordou em dar entrevista sem conhecimento prévio das perguntas - como pediam os antecessores - a cerca de 70 jornalistas que o acompanharam no voo de volta a Roma. Na conversa, disse que é papa "normal" e "peca". Não houve tema tabu.
As declarações foram em resposta a recentes revelações de que um assessor próximo seria homossexual e a uma frase atribuída a ele no início de junho, de que havia um "lobby gay" no Vaticano. Segundo ele explicou ontem, o problema não é ser gay, mas o lobby em geral.
Repercussão
Militantes pelos direitos dos homossexuais receberam com empolgação as declarações. "Percebo que a Igreja começa a rever algumas posições. Sem dúvida, foi um passo muito importante", disse Carlos Fonseca, presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais.
Para uma das coordenadoras do grupo ONG Católicas pelo Direito de Decidir, Regina Jurkewicz, a diferença "fica no discurso, não provoca uma mudança estrutural na doutrina católica".
Segurança foi mais difícil que na Copa, diz ministro
Brasília. O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) afirmou ontem que garantir a segurança do papa Francisco foi mais "difícil e complexo" do que será na Copa 2014. Para ele, a Jornada Mundial da Juventude, que reuniu cerca de 3 milhões de pessoas no Rio por uma semana, é muito diferente do ponto de vista da segurança pública.
"Foi uma situação de grande risco", disse, se referindo, em especial, às exigências do próprio papa para flexibilizar o esquema de segurança e às paradas inesperadas em meio à multidão.
"O trabalho de segurança é mais difícil e mais complexo do que foi feito na Copa das Confederações e me parece que mais difícil do que será na Copa do Mundo", ressaltou, explicando que se trata de um evento de massa onde não se sabe de onde vem e para onde vai a multidão.
O ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, afirmou que o Executivo e o Vaticano avaliam que problemas na organização não prejudicaram a festa dos peregrinos que foram ao Rio de Janeiro.
Durante a Jornada, que terminou domingo, foi injetado R$ 1,2 bilhão na economia cidade. A informação foi divulgada ontem pelo prefeito Eduardo Paes. Segundo ele, o balanço geral do evento ainda não foi fechado.
Diário do Nordeste